“Mas, a todos quantos o receberam, deu-lhes o poder de serem feitos filhos de Deus, a saber, aos que crêem no seu nome; os quais não nasceram do sangue, nem da vontade da carne, nem da vontade do homem, mas de Deus.” (João 1.12-13)
Estes versículos ensinam uma doutrina simples, mas importante: aqueles que recebem a Cristo, aos quais foi-lhes dado o poder para tornarem- se filhos de Deus e crêem no nome de Cristo, foram nascidos de Deus. Em outras palavras, uma pessoa se torna verdadeiro crente por meio de uma especial aplicação de poder por parte do Todo poderoso a fim de mudar seu coração. A expressão, “nasceram... de Deus”, freqüentemente utilizada pelos escritores do Novo Testamento, expressa linguagem figurada. Sua adequação, quando aplicada às coisas espirituais, resulta da analogia que existe entre o início de nossa existência física e de nossa vida espiritual. Os crentes são filhos de Deus; isto precisa ser entendido em um sentido peculiar. Todos os homens são criados por Deus e dEle recebem suas capacidades naturais; neste sentido todos são filhos de Deus. Mas, quando a Bíblia aplica a expressão “filhos de Deus” aos crentes, para distingui-los das outras pessoas, ela o faz para ressaltar um relacionamento que Deus não tem com os demais seres humanos. E somente Ele é o autor da regeneração, pela qual os crentes se tornam seus filhos e é dito que eles são nascidos de Deus. As Escrituras afirmam que os crentes foram gerados por Deus, em comparação ao relacionamento que existe entre os pais terrenos e seus filhos.
O objetivo destes versículos é mostrar que nosso relacionamento com Deus, como seus filhos espirituais, foi produzido exclusivamente por meio de seu soberano poder. A princípio, estes versículos foram adaptados para oporem-se aos preconceitos carnais dos judeus. A opinião comum destas pessoas era que todos os descendentes de Abraão eram herdeiros das promessas divinas e tinham o direito à vida eterna. Este conceito foi consistentemente combatido por Cristo e seus apóstolos. Deixando de lado a tentativa de determinar o significado exato da afirmativa.os quais não nasceram do sangue, nem da vontade da carne, nem da vontade do homem, mas de Deus., observamos que havia três maneiras de pessoas serem consideradas filhos de Abraão: por descendência natural, por meio de um relacionamento ilícito e por adoção. Independentemente da maneira, os judeus imaginavam que se tornava um filho de Deus aquela pessoa que se tornava filho de Abraão. O bem-conceituado Dr. Lightfoot propôs que o objetivo do apóstolo João era aniquilar as falsas esperanças dos judeus, afirmando que, se alguém havia se tornado filho de Abraão através de alguma destas maneiras, isto não o transformava em filho de Deus. Outro tipo de nascimento é necessário; uma nova filiação, vinda do alto. Era preciso que Deus os fizesse nascer de novo. Qualquer que seja o significado específico destes versículos, a impressão geral e o objetivo específico do escritor sagrado é que todos os outros métodos de alguém tornar-se filho de Deus são falsos e imaginários, exceto o ser nascido de novo. Estas palavras foram escritas para combater as idéias predominantes naqueles dias, e hoje podemos utilizá-las de maneira semelhante.
Dentre todos os assuntos, aquele que se refere à nossa passagem da morte para a vida com certeza é o mais importante e interessante. Ter idéias claras e definidas sobre este assunto é crucial; errar no que concerne a ele equivale a um perigo terrível. Em certo sentido, todas as coisas pertencem a Deus. Ele é o Criador e Governador de tudo. Todos os poderes e capacidades que um homem possui procedem de Deus. Todos os meios da graça e ordenanças espirituais foram instituídas por Ele. Mas, quando as Escrituras falam sobre nascer de novo, elas querem dizer muito mais do que um homem ser influenciado por esses meios da graça e ordenanças espirituais, ao utilizar seus poderes e capacidades naturais. A fim de evitar uma compreensão errada sobre o assunto, afirmei no início que a regeneração é uma obra especial efetuada pelo poder do Todo poderoso. Os que erram neste assunto jamais tentaram negar abertamente que os crentes são nascidos de Deus, pois isto corresponderia a renunciar toda aparência de confiança nas Escrituras. Eles escolheram um método mais seguro para divulgarem suas opiniões: ao mesmo tempo que preservam as palavras dos autores sagrados, atacam e desprezam o significado das mesmas, de modo que a regeneração se torna uma simples aplicação de um rito externo ou uma persuasão da mente afetada de maneira comum, que resulta em uma reforma da moralidade.
Esclarecer o erro ajuda-nos a compreender a verdade. De maneira abreviada, consideraremos alguns conceitos errados sobre a regeneração e, em seguida, mostraremos o que significa ser nascido de Deus.
Não preciso gastar muito tempo esforçando-me para demonstrar que o batismo não é regeneração. Nada é tão evidente quanto o fato de que um rito exterior não pode mudar o coração. O batismo é apenas um sinal ou símbolo das salvadoras influências do Espírito Santo, e não a obra de regeneração. Tanto a Escritura quanto a experiência mostram que nem todas as pessoas batizadas são regeneradas, pois algumas delas em suas vidas e conversas não diferem do mundo que jaz no Maligno.. Quanto a isto, precisamos apenas citar as palavras de um eminente teólogo inglês: O ensino da regeneração através do batismo é a completa rejeição e desprezo da graça de nosso Senhor Jesus Cristo.; e acrescentou: ”A vaidade desta presunção tola destrói a graça do evangelho; é uma presunção forjada para apoiar os homens em seus pecados e ocultar lhes a necessidade de nascerem de novo e de se converterem a Deus. Entretanto, irmãos amados, não foi assim que aprendemos de Cristo”.
O absurdo de alterar assim o verdadeiro ensino sobre a regeneração e outras doutrinas semelhantes é tão palpável e grotesco, que pode ser detectado e percebido onde existe qualquer grau de conhecimento acerca da natureza da vida espiritual. Encontramos menor perigo em tais noções extravagantes do que naquelas que são mais sutis e sofisticadas.
Pelágio, no século IV, inventou e advogou um esquema de regeneração que, com poucas modificações, às vezes na fraseologia ou no acréscimo e diminuição de algumas partes, tem sido o método de quase todos os sectários, os quais se apartaram dos ensinos ortodoxos do evangelho. Em épocas diferentes, autores têm surgido em diversos países, levando adiante este ilusório ensino sobre o novo nascimento em termos elaborados por eles mesmos. E muitos que lêem seus escritos de maneira superficial têm sido enganados, acreditando neste falso conceito. O fato é que quase todo o sistema de ensinos fundamentado em noções obscuras e inadequadas sobre este importante assunto da regeneração é apenas um reflexo da heresia de Pelágio, universalmente condenada pela igreja dos primeiros séculos, que agora se apresenta em nova roupagem e, para assegurar sua aceitação, segue os padrões do mundo moderno.
Os principais aspectos do ensino de Pelágio e Armínio (ambos, em essência, ensinaram as mesmas coisas) são estes:
1. Deus não somente proclama e oferece de maneira semelhante a graça e a salvação a todos os homens, mas também o Espírito Santo é derramado de modo suficiente e igual sobre todos eles, para garantir-lhes a salvação, contanto que se aproveitem dos benefícios que lhes são concedidos;
2. Os preceitos e promessas do evangelho, além de serem bons e desejáveis em si mesmos, são tão adaptados à mente do homem natural e aos interesses da humanidade, que estes se inclinarão a recebê-los, a menos que sejam vencidos pelo preconceito e por uma vida habitual no pecado.
3. Pensar sobre as ameaças e promessas do evangelho é suficiente para remover os preconceitos e levar a pessoa a deixar a vida no pecado.
4. Aqueles que meditam com seriedade e consertam suas vidas têm a promessa do Espírito Santo e recebem direito para desfrutarem os benefícios da nova aliança.
Esta irreal declaração de princípios fundamentais, capaz de convencer mentes que não ponderam sobre estes assuntos, anula a própria essência da verdade do evangelho. Este sistema de doutrina preceitua que todos os homens são regenerados de igual modo, possuem a mesma medida do Espírito, e a diferença entre um e outro encontra- se totalmente em si mesmos, dependendo da maneira como eles se beneficiam das bênçãos outorgadas. Neste caso, regeneração significa uma reforma na vida, induzida por meio de persuasão moral ou iniciada como resultado de ser iluminado o entendimento e as emoções serem comovidas exclusivamente por meio da verdade divina. Se indagarmos de que modo neste sistema de doutrina a salvação resulta da graça divina, a resposta é que todos os meios de alguém se beneficiar das bênçãos recebidas são concedidos por Deus e, por conseguinte, constituem a graça.
Todo este sistema de doutrina resume-se no seguinte: Deus outorga as capacidades e a graça a todos os homens de maneira semelhante; e, tendo sido estas outorgadas, eles trabalham por sua própria salvação, sendo persuadidos a fazer isso por meio das promessas e ameaças do evangelho. A terrível ilusão causada por esse tipo de doutrina resulta de sua plausibilidade, tem aparência de verdade, mas está repleta de erros graves e perigosos.
Não tenho dúvidas de que o Espírito Santo se utiliza da Palavra e de muitos outros instrumentos para trazer os pecadores a Cristo. Mas afirmar que os homens são naturalmente inclinados a aprovarem e obedecerem aos preceitos do evangelho, exceto quando algum tipo específico de pecado os impede, isso claramente contradiz o evangelho. Pelo contrário, como princípio fundamental o evangelho revela que todos os homens, por natureza, são filhos da ira e cegos no que se refere à luz da verdade divina; estão em inimizade com Deus e mortos em ofensas e pecados. A idéia de que o Espírito Santo é conferido a todos, de maneira suficiente para salvá-los, anula o conceito da graça especial e torna nascidos de Deus tanto uns quanto outros! O texto bíblico citado no início afirma que todos quantos receberam a Cristo e creram em seu nome foram nascidos de Deus. Se isto é verdade, outros que não O receberam não foram nascidos de Deus; portanto, não podemos dizer que as influências do Espírito são iguais para todos.
É uma grande pedra de tropeço, para muitos, o fato de que Deus outorga do seu Espírito mais para uma pessoa do que para outras. A fim de remover este preconceito, Pelágio e muitos depois dele têm sustentado o ensino de que todos os homens recebem os mesmos dons, para labutarem em favor de sua própria salvação. É lógico que tal ensino destrói o novo nascimento e o torna comum a todos os homens. De acordo com este ensino, Judas Iscariotes recebeu tanto da graça divina quanto o apóstolo Paulo; Acabe se vendeu à impiedade, mas o mesmo poderia ter feito Davi, o homem segundo o coração de Deus. Toda a diferença entre os homens deve-se a maneira diferente como eles se aproveitam de seus privilégios.
Sei que esse tipo de doutrina agrada a natureza caída; e a aceitação que ela tem desfrutado desde que foi pregada pela primeira vez comprova quão agradável é ao raciocínio do homem natural. Porém, nem as Escrituras nem a experiência nos oferecem qualquer razão para crermos nessa doutrina. Não duvido que o Espírito Santo luta com todos os homens que não estão condenados.
Reconheço que as ameaças e promessas do evangelho seriam suficientes para persuadir- nos a um viver santo, se nosso entendimento não estivesse obscurecido e nossas afeições não fossem depravadas. Entretanto, nego que a graça comum a todos nos torna filhos de Deus, ou que somos persuadidos a nos tornarmos cristãos sem haver uma especial realização divina; ou que todos os homens recebem a mesma medida do Espírito Santo.
Apesar de todos os meios preparatórios, todas as ameaças e promessas do evangelho, todas as atividades da graça comum e todos os esforços dos pecadores não-regenerados, eles precisam nascer de novo para que se tornem filhos de Deus. É necessário que ocorra uma nova criação, uma obra realizada pelo Todo Poderoso numa atividade soberana, especial e sobrenatural, à semelhança da criação do mundo ou do ressuscitar um morto, pois sem esta grandiosa realização ninguém pode ver o reino de Deus. A persuasão não é capaz de fazer novas criaturas. Se o Espírito Santo opera nas mentes dos homens somente por meio de apresentar-lhes os argumentos e motivos mais diversos e mais adequados para a sua conversão, afinal de contas a vontade do homem determinará se ele será regenerado ou não. Nesse tipo de ensino, a glória da regeneração pertenceria a nós mesmos. Também não haveria certeza se Cristo teria qualquer descendência espiritual, visto que dependeria da incerta resolução de cada pessoa diante da qual os motivos foram colocados. Isto contradiz as Escrituras. Deus não limita as realizações de seu Espírito à apresentação de motivos persuasivos diante dos homens, pois apresentar-se-á voluntariamente o teu povo, no dia do teu poder. (Sl 110.3).
A persuasão moral que oferece uma vida melhor não outorga qualquer poder supranatural à alma, a fim de que esta seja capacitada a viver. A persuasão não produz novo interesse e discernimento espiritual. Se a regeneração acontece desta maneira, então o homem regenera a si mesmo, nasce de novo por si mesmo, tornando a si mesmo diferente dos outros homens. Se assim fosse, o Espírito Santo não teria mais a realizar do que fizeram Paulo e Apolo.
Não é por esse tipo de coisa que oramos: não oramos para que os motivos corretos sejam apresentados aos homens, para que regenerem a si mesmos. Oramos para que Deus mude os seus corações e os torne novas criaturas. As igrejas primitivas que sentiam intensas pressões externas invocavam esta súplica sobre os hereges, que negavam o exercício de um poder sobrenatural na regeneração.
Existe apenas uma maneira de uma pessoa morta em seus delitos e pecados ressurgir para a vida: por meio do poder de Deus que a vivifica e faz nascer de novo. Observe a linguagem que os escritores sagrados utilizaram para transmitirem este conceito: nascer de Deus, gerado de Deus, vivificar, receber vida e nascer de novo. Se disserem que esta linguagem é figurada, eu concordo. Mas, se encontramos qualquer significado nestas figuras, então a obra de regeneração fala do começo de uma nova existência espiritual. De outro modo, a linguagem das Escrituras, em todos os seus livros, é a mais obscura, imaginária e sem significado.
Você pode supor todas as preparações, conhecimento, motivos, moralidade, esforços que lhe convier; mas, apesar de tudo isso, repetimos, é necessário que aconteça o novo nascimento (os mortos precisam ser vivificados), pois os crentes são nascidos de Deus. O mesmo poder que ressuscitou Cristo dentre os mortos, o supremo poder do Deus vivo tem de realizar esta obra. Essa foi a súplica do apóstolo: que conheçamos .qual a suprema grandeza do seu poder para com os que cremos, segundo a eficácia da força do seu poder, o qual exerceu ele em Cristo, ressuscitando-o dentre os mortos. (Ef 1.19-20).
Na verdade, meus amigos, onde mais podemos encontrar a fonte de uma mudança que nos torna verdadeiros cristãos e nos traz da morte para a vida, senão na onipotência do Espírito Santo? É nosso entendimento que realiza esta mudança? Nosso entendimento está em trevas. “Ora, o homem natural não aceita as coisas do Espírito de Deus... e não pode entendê-las” (1 Co 2.14). É a nossa vontade? Somos inclinados para o mal, assim como dois e dois são quatro. Nossas vontades são perversas e rebeldes. É o nosso poder? Cristo morreu pelos ímpios, que estão sem poder. Não somos capazes em nós mesmos de ter bons pensamentos. São os nossos méritos que realizam esta mudança? Não merecemos nada, exceto a condenação. São os ministros de Deus que nos convencem? Alguns podem semear a Palavra, e outros, regá-la, mas a germinação é realizada por Deus.
Todos os esforços têm sido realizados pela ingenuidade humana, mediante doutrinas claramente errôneas ou aparentemente plausíveis, a fim de retirar do Espírito Santo a glória da obra de regeneração e levar o homem a reivindicar esta realização para si mesmo ou, pelo menos, a compartilhar da honra. No entanto, a origem da regeneração se encontra somente na livre e soberana graça do todo poderoso poder de Deus. A regeneração é uma obra totalmente divina; a glória, portanto, tem de pertencer e pertencerá para sempre a Deus.
Uma doutrina sustentada pelos grandes mestres da Reforma e pelas igrejas evangélicas desde então é que a regeneração é uma obra física. Com isto eles queriam dizer que havia realmente uma nova criação, tão absoluta quanto a criação do mundo; um novo interesse, princípio e discernimento espiritual é implantado por meio de uma soberana obra criadora da parte de Deus e não simplesmente um novo direcionamento de velhas capacidades.
Uma vez que esta obra é reconhecida, todas as demais doutrinas que constituem a verdade evangélica fluem dela: as doutrinas da graça, a soberania de Deus, a eleição, a redenção somente por meio de Cristo, a depravação humana e outras a estas relacionadas. Existe um grande, harmonioso e perfeito conjunto de doutrinas, e Deus é a essência e a glória de todas elas.
Meus amigos, eu estou plenamente certo de que existem dificuldades nas doutrinas que acabamos de apresentar. Mas a Bíblia fundamenta todas elas; isto é o bastante. Diante dela nosso entendimento carnal tem de se prostrar e nossos corações, submeterem se. Se você mudar estas verdades, utilizando idéias misteriosas, conceitos inúteis ou inconsistências, será assaltado não pelos homens, e sim pelo próprio Deus. Leia e atente aos ensinos da Palavra de Deus. Ela afirma permanentemente, em caracteres reluzentes: “Os quais não nasceram do sangue, nem da vontade da carne, nem da vontade do homem, mas de Deus” (Jo 1.13).
Existe apenas um tipo de nascimento que pode nos preparar para o céu: “Se alguém não nascer de novo, não pode ver o reino de Deus” (Jo 3.3). Podemos atender à nossa imaginação e satisfazer nossa justiça própria, ao adotarmos os vagos conceitos pelagianos a respeito deste assunto; podemos protestar contra a absoluta dependência da graça de Deus, conforme demonstramos; mas perceberemos que um novo coração e um espírito de retidão são absolutamente necessários, pois sem eles pereceremos eternamente.
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Asahel Nettleton (21 de abril, 1783 – 16 de maio 1844) foi um teólogo e pastor de Connecticut muito influente, durante o Segundo Grande Despertamento. O número de pessoas que se converteu ao cristianismo como resultado de seu ministério é estimado em 30.000. Ele participou do Yale College de 1805 até sua graduação em 1809 e foi ordenado ao ministério em 1811. Ele é, sobretudo, conhecido por sua oposição aos ensinamentos de Charles Finney.
Logo após sua conversão, Nettleton decidiu que serviria ao Senhor nos campos missionários, mas Deus tinha outros planos. Nettleton entrou na Universidade de Yale em 1805 e formou-se em 1809. Tinha um intenso amor pelos perdidos.
Após estudar sob a orientação do Rev. Bezaleel Pinneo, de Connecticut, Nettleton começou seu ministério itinerante. Nesta época, muitos excessos e divisões estavam surgindo como resultado do Grande Avivamento. Após estudar as causas e os efeitos das numerosas desordens, ele adotou uma postura saudável para si mesmo e seu ministério. Desde o início de seu trabalho, Deus abençoou sua pregação com glorioso poder, e ocorreram vários avivamentos. Em 1817, ele foi ordenado evangelista congregacional. Foi um dos mais sábios e cautelosos evangelistas itinerantes que já abençoaram os Estados Unidos. Sua teologia estava em completa harmonia com a de homens piedosos que o precederam nas igrejas congregacionais e presbiterianas de seu país.
Francis Wayland, pastor da Primeira Igreja Batista de Boston e presidente da Universidade Brown, em cujo tempo um grande avivamento religioso aconteceu sob a influência da pregação de Nettleton, descreveu-o assim: Ele é um dos mais eficientes pregadores que já conheci. Ele conseguia fazer que a lógica assumisse uma forma atraente e produzisse efeitos decisivos. Quando Nettleton argumentava sobre grandes doutrinas, tais como as da carta aos Romanos: eleição, completa depravação do homem, a necessidade de regeneração e de expiação dos pecados, seu estilo de pregar, com frequência, era socrático.
A teologia de Nettleton foi distintamente Reformada. Ele cria que a salvação era unicamente uma obra de Deus e, por conseguinte, rejeitava a prática de Finney de fazer apelos — chamada ao altar — durante suas pregações. Ele cria que a introdução da chamada ao altar era uma negação das doutrinas do pecado original e da depravação total do homem.