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Depravação Total » Joel Beeke



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A DOUTRINA DO PECADO — DEPRAVAÇÃO TOTAL

Quando Adão e Eva pecaram, eles caíram do seu estado de justiça (ou retidão) original para um estado de corrupção espiritual, moral, emocional e física. Nossos primeiros pais “se tornaram mortos em pecados e inteiramente corrompidos em todas as suas faculdades e partes do corpo e da alma” (Confissão de Fé de Westminster 6.2). A culpa deste “pecado original” foi imputada, e a resultante corrupção da alma e do corpo, foi transmitida para todos os seus descendentes naturais.

Esta corrupção herdada é descrita como “depravação total”, proveniente da palavra em Latim “depravatio”, que significa a “perversidade” (“pravitas”) que está enraizada nos nossos corações e alcança cada um dos aspectos do nosso ser e da nossa vida. Nós manifestamos os frutos desta depravação em nossas vidas todo dia: “o pecado sempre jorra desta depravação como água corrente de uma fonte contaminada” (Confissão Belga, artigo 15).

A Palavra de Deus para Jeremias identifica esta “fonte contaminada” como o coração do homem, significando a sede do nosso intelecto, vontade e emoções, ou seja, tudo o que nos faz distintamente humanos, forma as nossas personalidades, e determina a nossa conduta externa (Jeremias 17:1,9). O pecado não pode ser culpado por causa do meio, da repreensão, da educação, ou por causa dos mal exemplos que os outros nos concedem. Nós somos pecadores no próprio coração.

Isto não significa dizer que os seres humanos são tão perversos quanto eles podem ser. Na bondade de Deus, “há no homem depois da queda um resto de luz natural. Assim ele retém ainda alguma noção sobre Deus, sobre as coisas naturais e a diferença entre honrado e desonrado e pratica um pouco de virtude e disciplina exterior”. Esta luz natural é, contudo, limitada, e explica apenas porque o homem não é mais perverso do que já, uma vez que o homem caído “não a usa apropriadamente nem mesmo em assuntos cotidianos” (Cânones de Dort, capítulos III-IV, artigo 4).

Sem a restrição da “luz natural”, a raça humana iria rapidamente destruir a si mesma. Nós somos propensos, por natureza, a odiar a Deus e ao nosso próximo (Catecismo de Heidelberg, Q.6). Nós desafiamos o Deus vivo, vivendo a vida de nossa própria maneira, e fazendo guerra uns com os outros. Então, a “escuridão natural” coexiste paralelamente com a “luz natural”, em nós.

Significativa em profundidade, a depravação humana é abrangente em seu alcance e efeitos. Nenhuma parte do nosso ser, em nenhum momento da nossa peregrinação terrena, em nenhuma faceta da vida e do trabalho neste mundo, em nenhum relacionamento com homem ou com Deus, em nenhum dos nossos pensamento, sentimentos, palavras, ou ações, é preservada não corrompida ou isenta da nossa depravação.

Novos Cristãos descobrem rapidamente que a depravação, como “a lei do pecado” em seus membros, ainda guerreia contra a “lei” das suas mentes, ou seja, contra as coisas que eles conscientemente crêem e sabem ser a vontade de Deus para as suas vidas (Romanos 7:23). Eles falam como Paulo: “Então, ao querer fazer o bem, encontro a lei de que o mal reside em mim” (Romanos 7:21).

O remédio de Deus para a depravação total do Seu povo é a salvação tripla em Cristo. Primeiro, em regeneração, novidade de vida é implantada no crente. Segundo, pelo processo de santificação, este nova vida é nutrida, incrementada, e tornada frutífera. Terceiro, é trazida à perfeição final (ou glorificação) na morte, quando a alma do crente é tornada perfeita, e assim, no último dia, o seu corpo será ressurreto à semelhança do corpo glorioso do Cristo ressurreto.

O nosso conforto, enquanto isto, é saber que nossos pecados são perdoados em nome de Cristo, e as nossas enfermidades remanescentes são cobertas por Sua paixão e morte. Estas enfermidades incluem fraqueza ou debilidade de compreensão no que diz respeito ao conhecimento da verdade; fraqueza ou debilidade na fé face a dúvidas e dificuldades; e fraqueza ou debilidade na vontade, no que diz respeito a obedecer os mandamentos de Deus e resistir às tentações para pecar. Todas estas enfermidades são cobertas pela concessão e imputação da justiça de Cristo ao crente, “como se eu nunca tivesse cometido pecado algum ou jamais tivesse sido pecador; e, como se pessoalmente eu tivesse cumprido toda a obediência que Cristo cumpriu por mim” (Catecismo de Heidelberg, Q.60).​

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Décimo nono artigo da série "Grandes Doutrinas da Fé Cristã Reformada". Publicado com autorização

* The Reformation Heritage KJV Study Bible, Joel R. Beeke (editor geral), Reformation Heritage Books (RHB), Grand Rapids, Michigan, 2014, “List of In-Text Articles”. http://kjvstudybible.org

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