A DOUTRINA DA IGREJA — O CÉU
O céu é lugar de habitação de Deus e a base do Seu reino, muito acima de todos os reinos deste mundo (1 Reis 8:30; Isaías 66:1; Mateus 25:34; Atos 14:22; 2 Coríntios 12:2). É o lugar da Sua gloriosa presença, para sempre, e o lar eterno dos crentes. O céu é tanto privativo quanto positivo – o primeiro, como um lugar livre (ou privado) de toda miséria; o último, como um lugar onde todas as bênçãos divinas são saboreadas. O céu é um paraíso (Lucas 23:43); uma habitação eterna (Lucas 16:9; João 14:2; 2 Coríntios 5:1); uma cidade que há de vir (Hebreus 13:14); uma herança gloriosa (Colossenses 1:12); um lugar de desfrutamento e alegria (Salmos 16:11); e, acima de tudo, um mundo de amor.
O Deus triuno, a fonte do amor (1 João 4:8), torna o céu um mundo de amor. Lá habita Deus pai, o Pai de amor, que amou ao mundo de tal maneira que deu o seu Filho unigênito como sacrifício (ver João 3:16). Lá habita Cristo, o Príncipe de amor, que amou tanto ao mundo, ao ponto de verter o Seu sangue e derramar a Sua alma na morte, em favor do ser humano. Lá habita o Espírito Santo, o Espírito do amor divino, em quem a própria essência de Deus, por assim dizer, flui e respira em amor, e que por sua imediata influência, todo o santo amor é derramado abundantemente nos corações de todos os santos. No céu, esta fonte infinita de amor – este eterno Três em Um – é aberta sem nenhum obstáculo para impedir o seu acesso, fluindo para sempre em feixes, como a luz proveniente do sol.
O amor celestial de Deus é esbanjado sobre objetos amáveis. O céu é o lugar onde o amor não está confinado, pois ele flui em riachos ou ribeiros inumeráveis, em direção a todos os santos e anjos de glória. Lá não haverá coisas ou pessoas odiosas, desagradáveis ou contaminadas (Apocalipse 21:27). Nada vai ofender nem mesmo o gosto mais refinado ou o olho mais suave. O Pai da família é amável, e assim também são os Seus filhos; o Cabeça do corpo é amável, e assim também são todos os membros.
Cristo ama a todos os Seus santos no céu. O Seu amor flui para toda a Sua igreja e para cada membro individual dela. Em verdade, o céu não é o céu sem Cristo. Ele é o próprio céu do céu. Além disso, os próprios santos não vão apenas receber este amor de Cristo, mas também vão amá-lo. Eles vão amar a Deus, em Seu próprio nome, e cada um vai amar ao outro em nome de Deus. No céu, não haverá inimizade, aversão, frieza de coração, ou indiferença remanescentes em relação a Deus e a Cristo. Como os santos irão amar a Deus com um fervor inconcebível e com o máximo da sua capacidade, então eles irão saber que Ele os amou desde toda a eternidade, que ainda os ama, e que continuará os amando para sempre.
Os santos irão amar uns aos outros. No céu, não haverá nada externo para manter os seus habitantes distantes uns dos outros, ou para impedir o seu mais perfeito desfrutamento no amor uns pelos outros. No céu, todos estarão unidos em relacionamentos íntimos e próximos. Todos serão como irmãos, em como uma sociedade, ou ainda como uma família, e todos serão membros da casa ou família de Deus. Haverá crianças, que viveram apenas alguns dias, tendo sido perdidas aqui embaixo, para serem encontradas graciosamente acima; haverá o pai, a mãe, a esposa, o filho e o amigo Cristão, com o qual nós iremos renovar a piedosa amizade dos santos.
Que maravilhoso céu de descanso para entrar, depois de ter passado por tormentas e tempestades neste mundo, no qual o orgulho, o egoísmo, a inveja, a malícia, o desprezo, o desdém, a discórdia, e os vícios são como ondas de um oceano impiedoso, sempre irrompendo em violência e fúria. “Jamais terão fome, nunca mais terão sede, não cairá sobre eles o sol, nem ardor algum, pois o Cordeiro que se encontra no meio do trono os apascentará e os guiará para as fontes da água da vida. E Deus lhes enxugará dos olhos toda lágrima” (Apocalipse 7:16-17). O crente pode seriamente anelar ou ansiar por este estado eterno de bem-aventurança, onde ele verá o seu Redentor com os seus próprios olhos, e não verá outro senão Cristo, que prenderá toda a sua atenção.
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*Adaptado à partir da obra “Heaven Is a World of Love”, que faz parte de “Charity and Its Fruits”, de Jonathan Edwards (1703–1758).
Quinquagésimo sexto artigo da série "Grandes Doutrinas da Fé Cristã Reformada". Publicado com autorização
* The Reformation Heritage KJV Study Bible, Joel R. Beeke (editor geral), Reformation Heritage Books (RHB), Grand Rapids, Michigan, 2014, “List of In-Text Articles”. http://kjvstudybible.org